terça-feira, 13 de outubro de 2015

3. TIPOS DE TEXTOS E INTENÇÕES COMUNICATIVAS

3. TIPOS DE TEXTOS E INTENÇÕES COMUNICATIVAS

A produção textual afirma-se como um recorrente procedimento no cotidiano dos usuários deste rico e precioso idioma: a Língua Portuguesa. Recorrente porque em se tratando de nossa estada enquanto aprendizes, isso em se tratando do ambiente escolar, produzimos uma diversidade de textos, pleiteando uma vaga no mercado de trabalho, já não falando naquela sonhada vaga na universidade ou numa entidade pública, em que a prova de redação se apresenta como um dos requisitos.
Nesse ínterim, muito se fala sobre gêneros, sobre tipos textuais, enfim, tais categorias permeiam o espaço de quem se vê inserido nessa realidade, sem dúvida. No entanto, nem sempre com a eficácia, com a precisão necessária para compor o aprendizado, levando em consideração a forma como se acredita que deveria ser. Assim, caro(a) usuário(a), cercados dessa realidade, bem como munidos da importância de levar até vocês os esclarecimentos necessários, aprimorando cada vez mais a familiaridade de que precisa dispor acerca de muitos dos aspectos tidos como relevantes, preparámos algo que, a nosso ver, promoverá uma melhor aproximação entre você e esses conhecimentos. Nesse sentido, constatemos acerca de algumas elucidações,
tendo em vista as seguintes demarcações:
Tipo textual é a forma como um texto se apresenta. É importante que não se confunda tipo textual com gênero textual.
Poesia e Prosa são formas literárias ou formas textuais.
Texto épico, dramático e lírico são gêneros literários. Tipo de texto ou tipo textual é o conteúdo do texto e o formato padrão comum dele. Gênero textual é a forma variada do texto. Um gênero textual não tem quantidade limitada: pode surgir um novo a qualquer momento. Qualquer pessoa pode "criar" um novo gênero textual, porém, tipo de texto não.
                3.1. Texto descritivo

texto descritivo é um tipo de texto que envolve a descrição de algo, seja de um objecto, pessoa, animal, lugar, acontecimento, e sua intenção é, sobretudo, transmitir para o leitor as impressões e as qualidades de algo.
Em outras palavras, o texto descritivo capta as impressões, de forma a representar a elaboração de um retrato, como uma fotografia revelada por meio das palavras.
Para tanto, alguns aspectos são de suma importância para a elaboração desse tipo textual, desde as características físicas e/ou psicológicas do que se pretende analisar, a saber: cor, textura, altura, comprimento, peso, dimensões, função, clima, tempo, vegetação, localização, sensação, dentre outros.
Para fazer um texto descritivo basta focar-se em detalhes, o autor deve enfatizar todos os detalhes e circunstâncias da ideia do seu texto, também é importante que o autor não revele todas as informações do texto de uma vez só, dando importância em todos os aspectos, para que o texto fique interessante em seu todo.
A descrição é um tipo de texto em que, por meio da enumeração de detalhes e da relação de informações, dados e características, constrói-se um “retrato verbal” daquilo que se pretende descrever.
Observem o exemplo a seguir. Trata-se de uma descrição de um objeto:
Clarinete
Um elemento clássico e imprescindível num concerto, o clarinete, com seu timbre aveludado, é o instrumento de sopro de maior extensão sonora, pelo que ocupa na banda de música o lugar do violino na orquestra.
O clarinete que possuo foi obtido após o meu nascimento, doado como presente de aniversário por meu bisavô, um velho músico, do qual carrego o nome sem tê-lo conhecido. O clarinete é feito de madeira, possui um tubo predominantemente cilíndrico formado por cinco partes dependentes entre si, em cujo encaixe prevalece a cortiça, além das chaves e anéis de junção das partes, de meta. Sua embocadura é de marfim com dois parafusos de regulagem, os quais fixam a palheta bucal.
Sua cor é confundivelmente marrom, havendo partes onde se encontra urna sensível passagem entre o castanho-claro e o escuro. Possuindo cerca de oitenta centímetros e pesando aproximadamente quatrocentos gramas, é facilmente desmontável, o que lhe confere a propriedade de caber numa caixinha de quarenta e cinco centímetros de comprimento e dez de largura.
Com pouco mais de um século, este clarinete permanece calado, latente, sem produzir sons nem músicas, pois, não herdei o dom de meu bisavô e nunca me interessei por este tipo de instrumento, mas, quem sabe se daqui a alguns anos não aparecerá um novo João Rodolfo, que herde ao mesmo tempo, de seus bisavôs e tataravôs, respectivamente, o instrumento e o dom.
 João Rodolfo Cavalcanti A. de Araújo
Características
  • Retrato verbal
  • Ausência de acção e relacção de anterioridade ou posterioridade entre as frases
  • Predomínio de substantivos, adjetivos e locuções adjectivas
  • Utilização da enumeração e comparação
  • Presença de verbos de ligação
  • Verbos flexionados no presente ou no pretérito (passado)
  • Emprego de orações coordenadas justapostas
Estrutura Descritiva
A descrição apresenta três passos para a construção:
  1. Introdução: apresentação do que se pretende descrever.
  2. Desenvolvimento: caracterização subjetiva ou objetiva da descrição.
  3. Conclusão: finalização da apresentação e caracterização de algo.
Tipos de Descrição
Conforme a intenção do texto, as descrições são classificadas em:
  • Descrição Subjectiva: apresenta as descrições de algo, todavia, evidencia as impressões pessoais do emissor (locutor) do texto. Exemplos são,os textos literários repletos de impressões dos autores.
  • Descrição Objectiva: nesse caso, o texto procura descrever de forma exacta e realista as características concretas e físicas de algo, sem atribuir juízo de valor, ou impressões subjectivas do emissor. Exemplos de descrições objetivas são os retratos falados, manuais de instruções, verbetes de dicionários e enciclopédias.
Exemplos
·         “ Naquela casa azul da esquina, mora o Sr. João da marcenaria. Lá ele mora com seus quatro filhos, a Joana que trabalha no hospital, a Maria da lojinha, o Roberto do mercado e o Julinho o caçulinha, e com a sua esposa Dona Rita, cozinheira de mão cheia, que faz bolos e docinhos para aniversário.”

·         Por esse exemplo dá para observar a maneira em que um trecho descritivo deve ser escrito, dando atenção para detalhes, e com o decorrer do texto essesdetalhes devem ser mais enfatizados, bastar seguir à risca o próprio nome ‘ descritivo ‘ descrever tudo o que o autor do texto está pensando, no entanto, seguindo esses paramentos a elaboração do texto será muito mais fácil.

  • Descrição Subjectiva
Ficara sentada à mesa a ler o Diário de Notícias, no seu roupão de manhã, de fazenda preta, bordado a sutache, com largos botões de madrepérola; o cabelo louro um pouco desmanchado, com um tom seco do calor do travesseiro, enrolava-se, torcido no alto da cabeça pequenina, de perfil bonito; a sua pele tinha a brancura tenra e láctea das louras; com o cotovelo encostado à mesa acariciava a orelha, e, no movimento lento e suave dos seus dedos, dois anéis de rubis miudinhos davam cintilações escarlates.” (O Primo Basílio, Eça de Queiroz)
  • Descrição Objectiva
"A vítima, Solange dos Santos (22 anos), moradora da cidade de Marília, era magra, alta (1,75), cabelos pretos e curtos; nariz fino e rosto ligeiramente alongado."

                3.2. Texto Narrativo
A Narração é um tipo de texto que esboça as acções de personagens num determinado tempo e espaço. A estrutura do texto narrativo é composta de:
  • Apresentação
  • Desenvolvimento
  • Clímax
  • Desfecho.

Os Elementos da Narrativa

  • Narrador - Quem narra a história. Dividem-se em: narrador-observador; narrador personagem e narrador- onisciente.
  • Enredo - É a estrutura da narrativa, ou seja, a trama em que se desenrolam as ações. Pode ser: Enredo Linear, Enredo Não linear, Enredo Psicológico e Enredo Cronológico.
  • Personagens - São aqueles que compõem a narrativa. São classificadas emPersonagens Principais (Protagonista e Antagonista) e Personagens Secundários (Adjuvante ou Coadjuvante).
  • Tempo - Marcação do tempo, data, momento, dentro da narrativa. O tempo pode ser Cronológico ou Psicológico.
  • Espaço - Local (s) onde a narrativa se desenvolve. Podem ocorrer numAmbiente Físico, Ambiente Psicológico ou Ambiente Social.

Tipos de Narrador

  • Narrador-Personagem - A história é narrada em 1ª pessoa no qual o narrador é um personagem e participa da história.
  • Narrador-Observador - Narrado em 3ª pessoa, esse tipo de narrador conhece os fatos porém, não participa da ação.
  • Narrador-Onisciente - Esse narrador conhece todos os personagens e a trama. Nesse caso, a história é narrada em 3ª pessoa e quando apresenta fluxo de pesamentos dos personagens, a ação é narrada em 1ª pessoa.

Tipos de Discurso Narrativo

  • Discurso Direto - No discurso direto, a própria personagem fala.
  • Discurso Indireto - No discurso indireto o narrador interfere na fala da personagem. Em outras palavras, é narrado em 3ª pessoa uma vez que não aparece a fala da personagem.
  • Discurso Indireto Livre - No discurso indireto-livre há intervenções do narrador e das falas dos personagens. Nesse caso, funde-se o discurso direto com o indireto

Exemplos de Textos Narrativos

Importante frisar que dependendo da intenção do narrador, a narrativa pode ser elaborada nos discursos: direto, indireto e indireto-livre. Vejamos alguns exemplos:

Discurso Direto


Discurso Indireto


Discurso Indireto Livre

Curiosidade

  • Alguns exemplos de narrativas são: Romance, Novela, Conto, Crônica e Fábula.

3.3. Texto de diálogo

DIÁLOGO ENTRE PAI E FILHA
Sr. Jorge, um morador humilde e trabalhador da cidade de Santos está sentado confortavelmente em seu sofá em uma calma manhã de domingo, lendo seu jornal tranquilamente quando Bárbara, sua filha, chega com um ar meio abalado e o aborda:
- Bom dia pai.
– Bom dia filha, tá tudo bem?
– Mais ou menos, tenho uma notícia boa e uma ruim, qual você quer primeiro?
– Xiii, la vem, manda a ruim logo.
– A ruim é que eu estou grávida.
– O que? Não acredito, você só pode estar tirando uma com a minha cara.
– Não estou não pai, com essas coisas não se brinca.
– Você esta louca?,você só tem 17 anos, dou um duro danado pra trazer comida pra casa e você me apronta uma dessas? eu não vou trabalhar pra sustentar filho de ninguém.
– Mas pai, aconteceu…
– Aconteceu o cacete, aposto que é um desses seus amigos vagabundos que você conhece por ai.
– Ele não é vagabundo pai, ele trabalha.
– Sim, claro que trabalha, deve ser um traficantezinho de merda.
– Não pai, ele não usa drogas.
– E quantos anos tem esse moleque?
– Tem 20.
– 20? É um moleque irresponsável igual a você, eu não quero saber, se isso for mesmo verdade você pode fazer suas malas , arrumar um emprego e ir morar com ele.
Nesse momento o pai furioso, amassa o jornal, joga no chão e sai indignado em direção a porta quando sua filha pergunta:
- Pai, você não quer ouvir a boa notícia?
– Boa noticia? o que poder ser bom depois dessa desgraça que você me contou?
– O pai do meu filho é o Neymar.
– Neymar? (da uma risada irônica), além de te engravidar tem o mesmo nome ridiculo daquele jogador do Santos.
– Não pai, é ele mesmo, o Neymar do Santos.
– E da onde você conhece ele?
– Conheci ele numa festa.
– Mas você tem certeza que o filho é dele?
– Tenho pai, eu só tive relação com ele.
O pai faz uma pausa, respira fundo, caminha de volta a sala, apanha o jornal do chão, da um abraço confortante na filha e em silêncio absoluto caminha até o telefone, a filha assustada com a reação do pai pergunta:
- Pai, o que você fazer?
– Vou ligar para o Sr. Armando, meu chefe.
– Mas pra quê? O que ele tem a ver com isso?
– Calma filha, só vou avisar aquele filho da mãe que eu não vou trabalhar nem amanhã, nem depois e nem nunca mais por que eu tenho a filha mais genial do planeta.

Marcadores conversacionais
O diálogo é pautado por vocábulos e unidades fraseológicas que têm por objectivo “indicar o início e o fim de cada intervenção, a vontade de cada um deixar o outro falar ou de lhe retirar a palavra”e realçar a dimensão emotiva dos conteúdosinformativos.
Alguns exemplos de marcadores conversacionais são: então, está bem, pois, pois é, deixa lá, vá lá, diz lá, pronto, assim assim, e tal, e tudo, não sei quê, nem por isso, não dá para querer, nãopode ser, não me digas.
Alguns exemplos de marcadores conversacionais com valor interrogativo são: que tal?,não é?, não é verdade?, não é assim?, não achas?, como assim?, achas bem?, que te parece?, e tu?,como assim?, diz quem?.

Alguns exemplos de interjeições são: ah!,oh!, vamos!, viva!, oxalá!, ai!, ó!, hum!, psiu!

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