3.
TIPOS DE TEXTOS E INTENÇÕES COMUNICATIVAS
A produção textual afirma-se como um recorrente
procedimento no cotidiano dos usuários deste rico e precioso idioma: a Língua
Portuguesa. Recorrente porque em se tratando de nossa estada enquanto
aprendizes, isso em se tratando do ambiente escolar, produzimos uma diversidade
de textos, pleiteando uma vaga no mercado de trabalho, já não falando naquela
sonhada vaga na universidade ou numa entidade pública, em que a prova de
redação se apresenta como um dos requisitos.
Nesse ínterim, muito se fala sobre gêneros, sobre
tipos textuais, enfim, tais categorias permeiam o espaço de quem se vê inserido
nessa realidade, sem dúvida. No entanto, nem sempre com a eficácia, com a
precisão necessária para compor o aprendizado, levando em consideração a forma
como se acredita que deveria ser. Assim, caro(a) usuário(a), cercados dessa
realidade, bem como munidos da importância de levar até vocês os
esclarecimentos necessários, aprimorando cada vez mais a familiaridade de que
precisa dispor acerca de muitos dos aspectos tidos como relevantes, preparámos
algo que, a nosso ver, promoverá uma melhor aproximação entre você e esses
conhecimentos. Nesse sentido, constatemos acerca de algumas elucidações,
tendo em vista as seguintes demarcações:
Tipo textual é a forma como um texto se apresenta. É importante
que não se confunda tipo textual com gênero textual.
Poesia e Prosa são formas literárias ou formas textuais.
Texto épico, dramático e
lírico são gêneros literários. Tipo de texto ou tipo textual é o conteúdo do
texto e o formato padrão comum dele. Gênero textual é a forma variada do texto.
Um gênero textual não tem quantidade limitada: pode surgir um novo a qualquer
momento. Qualquer pessoa pode "criar" um novo gênero textual, porém,
tipo de texto não.
3.1. Texto descritivo
O texto descritivo é um tipo de texto que envolve a
descrição de algo, seja de um objecto, pessoa, animal, lugar, acontecimento, e
sua intenção é, sobretudo, transmitir para o leitor as impressões e as
qualidades de algo.
Em outras palavras, o texto descritivo capta as impressões, de forma a
representar a elaboração de um retrato, como uma fotografia revelada por meio
das palavras.
Para tanto, alguns aspectos são de suma importância para a elaboração desse
tipo textual, desde as características físicas e/ou psicológicas do que se
pretende analisar, a saber: cor, textura, altura, comprimento, peso, dimensões,
função, clima, tempo, vegetação, localização, sensação, dentre outros.
Para fazer um texto descritivo basta focar-se em detalhes, o autor deve enfatizar
todos os detalhes e circunstâncias da ideia do seu texto, também é importante
que o autor não revele todas as informações do texto de uma vez só, dando
importância em todos os aspectos, para que o texto fique interessante em seu
todo.
A descrição
é um tipo de texto em que, por meio da enumeração de detalhes e da relação de
informações, dados e características, constrói-se um “retrato verbal” daquilo
que se pretende descrever.
Observem o
exemplo a seguir. Trata-se de uma descrição de um objeto:
Clarinete
Um elemento
clássico e imprescindível num concerto, o clarinete, com seu timbre aveludado,
é o instrumento de sopro de maior extensão sonora, pelo que ocupa na banda de
música o lugar do violino na orquestra.
O clarinete
que possuo foi obtido após o meu nascimento, doado como presente de aniversário
por meu bisavô, um velho músico, do qual carrego o nome sem tê-lo conhecido. O
clarinete é feito de madeira, possui um tubo predominantemente cilíndrico
formado por cinco partes dependentes entre si, em cujo encaixe prevalece a
cortiça, além das chaves e anéis de junção das partes, de meta. Sua embocadura é
de marfim com dois parafusos de regulagem, os quais fixam a palheta bucal.
Sua cor é
confundivelmente marrom, havendo partes onde se encontra urna sensível passagem
entre o castanho-claro e o escuro. Possuindo cerca de oitenta centímetros e
pesando aproximadamente quatrocentos gramas, é facilmente desmontável, o que
lhe confere a propriedade de caber numa caixinha de quarenta e cinco
centímetros de comprimento e dez de largura.
Com pouco
mais de um século, este clarinete permanece calado, latente, sem produzir sons
nem músicas, pois, não herdei o dom de meu bisavô e nunca me interessei por
este tipo de instrumento, mas, quem sabe se daqui a alguns anos não aparecerá
um novo João Rodolfo, que herde ao mesmo tempo, de seus bisavôs e tataravôs,
respectivamente, o instrumento e o dom.
João Rodolfo Cavalcanti A. de Araújo
Características
- Retrato verbal
- Ausência de acção e relacção de
anterioridade ou posterioridade entre as frases
- Predomínio de substantivos,
adjetivos e locuções adjectivas
- Utilização da enumeração e
comparação
- Presença de verbos de ligação
- Verbos flexionados no presente
ou no pretérito (passado)
- Emprego de orações coordenadas
justapostas
Estrutura Descritiva
A descrição apresenta três passos para a construção:
- Introdução: apresentação do que se
pretende descrever.
- Desenvolvimento: caracterização subjetiva ou
objetiva da descrição.
- Conclusão: finalização da apresentação e
caracterização de algo.
Tipos de Descrição
Conforme a intenção do texto, as descrições são classificadas em:
- Descrição Subjectiva: apresenta as descrições de
algo, todavia, evidencia as impressões pessoais do emissor (locutor) do
texto. Exemplos são,os textos literários repletos de impressões dos
autores.
- Descrição Objectiva: nesse caso, o texto procura
descrever de forma exacta e realista as características concretas e
físicas de algo, sem atribuir juízo de valor, ou impressões subjectivas do
emissor. Exemplos de descrições objetivas são os retratos falados, manuais
de instruções, verbetes de dicionários e enciclopédias.
Exemplos
·
“ Naquela casa azul
da esquina, mora o Sr. João da marcenaria. Lá ele mora com seus quatro filhos,
a Joana que trabalha no hospital, a Maria da lojinha, o Roberto do mercado e o
Julinho o caçulinha, e com a sua esposa Dona Rita, cozinheira de mão cheia, que
faz bolos e docinhos para aniversário.”
·
Por esse exemplo dá para observar a maneira em que um trecho descritivo
deve ser escrito, dando
atenção para detalhes, e com o decorrer do texto essesdetalhes devem ser mais enfatizados, bastar seguir à risca o próprio nome
‘ descritivo ‘ descrever tudo o que o autor do texto está pensando, no
entanto, seguindo esses paramentos a elaboração do texto será muito
mais fácil.
- Descrição Subjectiva
“Ficara sentada à mesa a ler o Diário de Notícias, no seu roupão de
manhã, de fazenda preta, bordado a sutache, com largos botões de madrepérola; o
cabelo louro um pouco desmanchado, com um tom seco do calor do travesseiro,
enrolava-se, torcido no alto da cabeça pequenina, de perfil bonito; a sua pele
tinha a brancura tenra e láctea das louras; com o cotovelo encostado à mesa
acariciava a orelha, e, no movimento lento e suave dos seus dedos, dois anéis
de rubis miudinhos davam cintilações escarlates.” (O Primo Basílio, Eça de
Queiroz)
- Descrição Objectiva
"A vítima, Solange dos Santos (22 anos), moradora da cidade de
Marília, era magra, alta (1,75), cabelos pretos e curtos; nariz fino e rosto
ligeiramente alongado."
3.2. Texto Narrativo
A Narração é um tipo de texto que esboça as acções
de personagens num determinado tempo e espaço.
A estrutura do texto narrativo é composta de:
- Apresentação
- Desenvolvimento
- Clímax
- Desfecho.
Os
Elementos da Narrativa
- Narrador - Quem narra a história.
Dividem-se em: narrador-observador; narrador
personagem e narrador- onisciente.
- Enredo - É a estrutura da narrativa, ou
seja, a trama em que se desenrolam as ações. Pode ser: Enredo Linear, Enredo Não linear, Enredo Psicológico
e Enredo Cronológico.
- Personagens - São aqueles que compõem a
narrativa. São classificadas emPersonagens
Principais (Protagonista
e Antagonista) e Personagens Secundários (Adjuvante ou Coadjuvante).
- Tempo - Marcação do tempo, data,
momento, dentro da narrativa. O tempo pode ser Cronológico ou Psicológico.
- Espaço - Local (s) onde a narrativa se
desenvolve. Podem ocorrer numAmbiente
Físico, Ambiente Psicológico ou Ambiente Social.
Tipos de
Narrador
- Narrador-Personagem - A história é narrada em 1ª pessoa no qual o narrador é um
personagem e participa da história.
- Narrador-Observador - Narrado em 3ª pessoa, esse tipo de narrador conhece
os fatos porém, não participa da ação.
- Narrador-Onisciente - Esse narrador conhece todos os
personagens e a trama. Nesse caso, a história é narrada em 3ª pessoa e quando apresenta fluxo de
pesamentos dos personagens, a ação é narrada em 1ª pessoa.
Tipos de
Discurso Narrativo
- Discurso
Direto - No discurso direto, a própria
personagem fala.
- Discurso
Indireto - No discurso indireto o narrador
interfere na fala da personagem. Em outras palavras, é narrado em 3ª
pessoa uma vez que não aparece a fala da personagem.
- Discurso
Indireto Livre - No discurso indireto-livre há
intervenções do narrador e das falas dos personagens. Nesse caso, funde-se
o discurso direto com o indireto
Exemplos
de Textos Narrativos
Importante frisar que
dependendo da intenção do narrador, a narrativa pode ser elaborada nos
discursos: direto, indireto e indireto-livre.
Vejamos alguns exemplos:
Discurso Direto
Discurso Indireto
Discurso Indireto Livre
Curiosidade
- Alguns exemplos de narrativas
são: Romance, Novela, Conto, Crônica e Fábula.
3.3.
Texto de diálogo
DIÁLOGO ENTRE PAI E FILHA
Sr.
Jorge, um morador humilde e trabalhador da cidade de Santos está sentado
confortavelmente em seu sofá em uma calma manhã de domingo, lendo seu jornal
tranquilamente quando Bárbara, sua filha, chega com um ar meio abalado e o
aborda:
-
Bom dia pai.
–
Bom dia filha, tá tudo bem?
–
Mais ou menos, tenho uma notícia boa e uma ruim, qual você quer primeiro?
–
Xiii, la vem, manda a ruim logo.
– A
ruim é que eu estou grávida.
– O
que? Não acredito, você só pode estar tirando uma com a minha cara.
–
Não estou não pai, com essas coisas não se brinca.
–
Você esta louca?,você só tem 17 anos, dou um duro danado pra trazer comida pra
casa e você me apronta uma dessas? eu não vou trabalhar pra sustentar filho de
ninguém.
–
Mas pai, aconteceu…
–
Aconteceu o cacete, aposto que é um desses seus amigos vagabundos que você
conhece por ai.
–
Ele não é vagabundo pai, ele trabalha.
–
Sim, claro que trabalha, deve ser um traficantezinho de merda.
–
Não pai, ele não usa drogas.
– E
quantos anos tem esse moleque?
–
Tem 20.
–
20? É um moleque irresponsável igual a você, eu não quero saber, se isso for
mesmo verdade você pode fazer suas malas , arrumar um emprego e ir morar com
ele.
Nesse
momento o pai furioso, amassa o jornal, joga no chão e sai indignado em direção
a porta quando sua filha pergunta:
-
Pai, você não quer ouvir a boa notícia?
–
Boa noticia? o que poder ser bom depois dessa desgraça que você me contou?
– O
pai do meu filho é o Neymar.
–
Neymar? (da uma risada irônica), além de te engravidar tem o mesmo nome
ridiculo daquele jogador do Santos.
–
Não pai, é ele mesmo, o Neymar do Santos.
– E
da onde você conhece ele?
–
Conheci ele numa festa.
–
Mas você tem certeza que o filho é dele?
–
Tenho pai, eu só tive relação com ele.
O
pai faz uma pausa, respira fundo, caminha de volta a sala, apanha o jornal do
chão, da um abraço confortante na filha e em silêncio absoluto caminha até o
telefone, a filha assustada com a reação do pai pergunta:
-
Pai, o que você fazer?
–
Vou ligar para o Sr. Armando, meu chefe.
–
Mas pra quê? O que ele tem a ver com isso?
–
Calma filha, só vou avisar aquele filho da mãe que eu não vou trabalhar nem
amanhã, nem depois e nem nunca mais por que eu tenho a filha mais genial do
planeta.
Marcadores conversacionais
O
diálogo é pautado por vocábulos e unidades fraseológicas que têm por objectivo
“indicar o início e o fim de cada intervenção, a vontade de cada um deixar o
outro falar ou de lhe retirar a palavra”e realçar a dimensão emotiva dos
conteúdosinformativos.
Alguns
exemplos de marcadores conversacionais são: então, está bem, pois, pois é,
deixa lá, vá lá, diz lá, pronto, assim assim, e tal, e tudo, não sei quê, nem
por isso, não dá para querer, nãopode ser, não me digas.
Alguns
exemplos de marcadores conversacionais com valor interrogativo são: que
tal?,não é?, não é verdade?, não é assim?, não achas?, como assim?, achas bem?,
que te parece?, e tu?,como assim?, diz quem?.
Alguns
exemplos de interjeições são: ah!,oh!, vamos!, viva!, oxalá!, ai!, ó!, hum!,
psiu!
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